Workshops Fotografia e autoconhecimento – out 2007
Coordenador: Pedro Karp Vasquez (Brasil)
Neste workshop, Pedro Karp Vasquez, partindo do princípio de que somente aquele que dominar a si mesmo será capaz de encontrar sentido e rumo na vida, propõe uma discussão sobre imagem e autoconhecimento.
Talvez eu tenha levado a sério demais as reflexões do Pedro no do Fórum Latino-americano de Fotografia em outubro de 2007 e praticamente não fotografo há um ano.
Entre os exercícios proposto estavam uma série de auto-retratos e a seleção de cerca de 200 fotos de própria autoria para a posteridade (o restante iria para o lixo).
Alguns colegas do curso queriam saber de técnica e se sentiram um pouco frustrados. Eu? Simplesmente continuei na “onda” do autoconhecimento, aumentei a cota de incenso e procurei “descobrir” a meditação. Fotografia? Não sei, deposite a máquina num canto fui olhar umas cartas de tarô e pensar na simbologia como “linguagem” do inconsciente. Nesse meio tempo, não virei taróloga e nem psicóloga, fui trabalhar na edição de texto e voltei a fazer faculdade, agora no curso de Letras.
A notícia boa foi constatar que depois de James Joyce posso deixar meu fluxo de consciência livre nesses textos - e que Deus ou outra alma boa tenham paciência para seguir meus devaneios.
A má notícia foi que não consegui efetuar a “lição de casa” do Pedro, continuei a utilizar as aspas como uma ironia tola que me acompanha, quando cheguei na médica homeopata descrevendo minhas inquietações mentais, pude antevê-la pegando o telefone e chamando o pessoal da psiquiatria (ri internamente da situação patética que me encontrava)...educadamente, ela me passou umas gotas para tomar, me simpatizei com aquela mulher, ainda crendo que o mesmo não tenha sido recíproco.
Então sai de férias e me recusei a levar a bela Nikon d-80, fui com a câmera do celular, insanidade atestada, desta vez a Ilha do Mel estava belíssima, com luz perfeita e paisagens pra lá de generosas. Horas e horas de caminhada na praia, algumas fotos no celular e a relutância em admitir que a Nikon fazia falta, fiz até uns filminhos...lógico aquela coisa meu “deprê” de fim-de-tarde fria e ondas vindo-e-indo.
Cheguei em São Paulo e lá fui eu para a homeopata, dessa vez cheguei sorrindo, não vestia a camisa social e nem o salto toc-toc, ela me olhou com uma fisionomia menos amedrontada, ainda que tenha me ligado umas três vezes para remarcar a consulta (Será que ela contava com a minha desistência?); falei das férias e da fotografia, creio que minha moral melhorou um pouco, mas que raios a homeopatia tem haver com fotografia? Sei lá, sai com uma penca de exames para fazer.
Emprestei a câmera Sony compacta para uma amiga que foi para o Chile, você leitor ou leitora sabe ... neve e uma criança na viagem ... mas a câmera voltou intacta, sem nenhum arranhão, convencia a amiga a comprar o equipamento, antes porém, talvez por uma questão de apego, me comprometi a fazer uma revisão em uma oficina especializada.
Nesse meio tempo, uma colega de trabalho começou a se interessar por fotografia, indique o site BH para compra de equipamento, emprestei-lhe alguns livros e comecei a dar umas pequenas dicas de composição e blá-blá-blá. A Nikon? Encostada no armário como um violão pedindo para ser tocado.
Os exames médicos resultaram no diagnóstico de uma pequena disfunção hormonal (calma pessoal, não estou na menopausa ainda), alguns remédios, gotinhas e incenso, pronto, o corpo estava salvo, e a alma? Bem fui ver uma exposição de fotos. Ah! Instituto Moreira Sales, fotos respiráveis, uma Marc Ferrez ampliada em papel especial, cerca de 100X80 cm, em tiragem limitadíssima, ao custo de oito mil reais, uma foto de 1898 do Corcovado com nitidez digna das modernas TVs tela plana, fiquei olhando aquela foto e pensando no Marc Ferrez subindo aqueles morros com dois escravos e um laboratório portátil, pois o meu amigo Ferrez fazia isso, armava uma cabana, preparava os químicos e revelava ali no meio da floresta da Tijuca a cena captada na câmera de grande formato ... bom, assim me contaram, mas na hora em que via a foto, nem questionei a veracidade das informações, só mirei aquilo e passei para outros velhos conhecidos como o Farkas, a Alice Brill, o Mascaro e o amado Marcel Gautherot, todos fotógrafos e mestres. Não pude deixar de ter a certeza da minha predileção pelo estilo clássico da fotografia, os modernos que me perdoem (às vezes também sou) mas Cartier Bresson é fundamental.
Então lembrei das aulas do Carlos Moreira e daquela admiração toda pelo mestre francês, lembrei da história que conta que Bresson andava com uma pequena leica e que por ser um dos primeiros modelos de câmera fotográfica de pequeno formato, praticamente era desconhecida das pessoas, isso fazia com que estas agissem com naturalidade sem saber que estavam sendo fotografadas.
Eu acredito que o Bresson acreditava num bailado na hora de fazer as fotos; bailado: você vai pra frente, volta, corre, abaixa, sobe, desce, transpira, sorri e às vezes pisa no pé de alguém.
Bem, ao final da exposição eu estava resolvida, voltaria a fotografar ... e para o retorno com a médica vou levar um livro de fotografia.
Thanks friends.
3 comentários:
Bravo! Bravíssimo! É assim que se fala, mulher!
Beijos,
Querida amiga, você sabe que preciso de umas fotos para decorar meu estúdio. O mais difícil é escolher! Parabéns por todas imagens produzidas pelo seu olhar poético!!! Amo você, grande amiga!!!!
Namaste!!!
Talentosa!! Tô encantada com o blog. Salve a Maria... Adorei o bailado fotográfico. Beijos!
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