15 novembro 2009

Trocando a máquina pela caneta

Para falar grego
Esqueça seu idioma
Torne-se motivo de piada para os amigos
Acredite em Deuses (isso até é fácil)
Mas não se engane na sua ironia fina
O Olimpo é pra poucos, baby!

Vida capital
Inês - a faxineira
Acorda - quatro-e-meia-da-manhã
Meio de locomoção -o ônibus, com direito ao pôr das estrelas
No trabalho - carrega caixas e faz café
Ao meio dia - o café está frio (já reclamam)
Almoço - é necessário não é prazeroso
Recolher lixo das lixeiras - é necessário não é prazeroso
Início da tarde - é necessário não é prazeroso
A volta pra casa - é necessário não é prazeroso
A janela do ônibus - é necessário não é prazeroso
A rotina - é necessário não é prazeroso
Em casa - o filho de sete anos sorri (está aprendendo a ler)
Inês - não é só um nome

As escadarias
O sol solta o calor solvente
o sangue escorre sossegadamente.
Salta o assaltante sombrio, sobre
sobre sua sacola.
Corre esfolegante quem sofre,
é mais um soco no sufoco,
subindo as escadadrias sacerdotais
Ela só queria rezar na Sé.
Sobra no bolso a imagem
do Santo Expedito.

Memória excessiva
Bolinhas de gude colidem
fortemente o dedo lateja.
Uma desliza pela escada
e o barulho
ressoa
soa
soa
e voa
a bolinha ficou no tempo,
mas as colisões continuam.
Agora nu, o dedo em lampejo
aponta um grupo de crianças
que em circulo
brincam
enquanto...
bolinhas de gude colidem...

2 comentários:

Bazar do Desapego disse...

Inês bonita! Eu também tenho uma Inê sno meu blog...rs

Studio na Casca disse...

Belas palavras, não sei se você sabia, mas o estudio na casca também tem poesia? embora nossas poesias sejam mais designers, temos o blog www.mayconbatestin.blogspot.com que é aclopado ao estudio. visite quando tiver tempo os dois e tenham sua própria imagem.